segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Design às Segundas



Tipografia cinética, pra começar. Sensacional essa de cima, pela animação e pelo tema — a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Muito mais por ele, até, que nesses tempos nos faz lembrar o quão longe estamos do que ele prega e quão longe estamos de uma humanidade só, embora heterogênea. O certo na contramão.


Da seção Coisas com as quais podemos viver sem, fica o saco de lanches anti-furto, do designer Sherwood Forlee. Genial e dispensável!



Por fim, o estúdio. Dessa vez é o Fred. Vira e mexe algum trabalho está nos melhores sites de design. Donos de uma criatividade impressionante e de uma simplicidade, assim, simples, o Fred nos faz achar graça e cria vontade até mesmo num copo com gelo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Congratulações, Coltrane

Se estivesse vivo, John Coltrane faria ontem, 23 de setembro, 82 anos. Trompetista, jazzista e, muito mais, músico e artista, Trane elevou o jazz à erudição com manobras como "Coltranes Changes". Por outro lado, nunca tirou o jazz do seu suporte: o improviso, a intuição. Genial.

Giant Steps: Coltrane brinca com as possibilidades harmônicas


Davis e Coltrane: o melhor do cool jazz


O clássico: A Love Supreme


Bônus: Tito Puente e o swingado bebop Take Five, música tocada por Lisa e Bart no "episódio do jazz" — passou hoje na Globo.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Refugiados do Clima

Não é aquele ursinho da coca-cola?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mombojó + China =

Fui ao show do Mombojó e do China, no último sábado (13), no Studio SP. A Dona Guta, felizmente, ainda presenteia São Paulo com boas casas. Caso do Studio, cuja estrutura e ambiente põem mais próximos artistas e espectadores, espectadores e espectadores, espectadores e arte. O requisito básico pra entrar, pelo menos no line-up do mês, é que o artista esteja realmente colado em sua expressão. Aí é baba pro Mombojó. Descobri que pro China também.

Começando pelo sino-pernambucano que nunca tinha ouvido. Acompanhado da HStern Band — de ouro maciço e com lapidação no porvir —, China me estufou duma música digna da galera recifense-olindense. Pois essas são as cidades satélites do melhor rock (só?) que se produz no Brasil. E isso não é de hoje. O Camisa de Vênus foi a ponta de um inselberg. O corpo viria com o manguebeat de Chico, Nação e Mundo Livre. Dali pra frente o vento tomou de conta e fez o favor de espalhar as sementes da boa música. Brotou China, Mombojó, Cordel do Fogo Encantado, Bonsucesso Samba Clube, Eddie, Fóssil, Catarina dee Jah — as duas últimas ainda para serem escutadas pelo blogueiro.

O som de China é cheio de samples e riffs que se confundem. Pode ser electro house, new rave ou o que for: o eletrônico é a face-mor das novas influências, caracterizada pelo abraçar de uma tecnologia e o regurgitar novo desta — como fizera Lúcio Maia nos longínquos anos 90. Parece mesmo uma evolução do New Wave, bem perceptível em Câncer.

Votem no cara pro VMB: http://mtv.uol.com.br/vmb2008/cat_aposta.html


Falando em guitarrista, foi em Asas nos Pés que ouvi a pancada chinesa. Ora fazendo a linha melódica, ora passando o bastão pros samples, a guitarra é de acordes agressivos e intermitentes. Faz o tom potente da música. A bateria não lembra em nada o tambor do Maracatu. Não fosse a marcação de tempo e compasso difusa e quebrada. Pra completar a cozinha, o baixo sutil e, como não se tem visto ultimamente, presente em toda a música. Alicerce das horas necessárias.

Nos pés de China também deve ter algo mesmo, quem sabe asas. O cara tem uma dancinha inigualável, meio Jamiroquai, meio mestre-sala, meio ataque epilético. Tão personna quanto sua cantoria. Simples e voraz, daquela que quer alcançar todo mundo que está por perto sem nenhum floreio. A canção de Roberto Rei Carlos, Não quero mais seu amor, ficou pequena pra ele. Suas composições vem igualmente carregadas de uma megalomania bem chinesa. Na singeleza de cada coisa, como dormir e acordar, cai-se sobre um território vasto de sentimentos e sensações. Maior que a China, esse espaço da poesia é sempre explorado, mas nunca visto em sua infinitude. Tomara que o pernambucano continue nesta aventura, pois ainda há muito o que descobrir. Não só nas letras, mas também na melodia.

Finito o show do China, veio Mombojó. Veja bem, não foi assim: acaba uma coisa, respira, começa outra. Foi de lambuja China + Mombojó. Uma coisa junta na outra e dá nisso. O entrosamento entre os caras só valeu mais o ingresso. Digo que essa turma de meus conterrâneos de ascendência (existe isso?) ainda vai dar muito mais caldo.

Felipe: agora a gente é radiola de ficha?, sobre o esganiçado insistente por Duas Cores.


O show do Mombojó eu já tinha visto numa outra vida deles pra sampa. Foi em dezembro do ano passado, na choperia do Sesc. Dia bom. Logo de cara admirei as possibilidades levadas a cabo pelos caras. Rock novo, samba em toda a sua marcação, a suavidade do sopro, a ecleticidade sampleada. As letras vêm fácil, como em China, sem deixar a poiese. Foi tudo isso que vi em show. Confesso que não foi com todos os watts da primeira vez. Muitas músicas eram do segundo álbum, que não é de muito meu agrado (prontofalei). Nem por isso a performance foi menor. De lá pra cá o que vi foi um trabalho pensado em cima do som, das enes possibilidades — novamente elas. Algumas releituras e novos arranjos. Tudo que amplificasse a sonoridade de Felipe (bom nome) e companhia. Execuções memoráveis como Duas Cores (suplicado pela mina-mala-bêbada), Missa, Faaca O Céu, o Sol e o Mar me fazem esperar ansiosamente a próxima vinda deles.

Mombojó + China = música boa e dança peculiar...

Se todos os shows da noite (três, pra ser bem claro) se resumissem a uma música, seria mesmo a última. Olha que fechar com chave de ouro é difícil. China e HStern Band sobem ao palco para, junto de Mombojó, fazerem a maior concentração de recifenses e olindenses por metro quadrado da Augusta. Tocaram Deixe-se Acreditar. Dessa hora só consigo falar sobre o final, que demorou pra chegar. Que também o final do melhor do rock brasileiro esteja longe. A história da boa música nordestina esteja mais pra um romance que pra um cordel.

Obrigado ao Gian Lucca que gentilmente cedeu as fotos para serem postadas aqui!

sábado, 13 de setembro de 2008

Do ato, efeito ou origem de beber

Agora é o esquecimento...
Um grupo de cientistas da Universidade de Sussex, na Inglaterra, revelou que o álcool facilita a criação de memórias para eventos emocionais - na maior parte positivos - vividos antes da intoxicação e prejudica a criação de memórias para eventos - muitas vezes negativos - ocorridos depois do consumo abusivo de bebidas.
Os grifos são meus. Esse aí já deve ter feito muita captação (leia-se: ter ficado inúmeras vezes bêbado) pra chegar a essa conclusão. Ou não.

Seja como for, informação relevante não é o porquê da tal amnésia, mas sim como evitá-la! Ou não, também.

Por outro lado, o porquê daquilo que leva muitos à amnésia (leia-se: ter ficado bêbado vezes inúmeras) é de suma importância.

Ainda mais se se relacionar com a evolução (ou não, de novo) do homem.
"Ao contrário, eu afirmo que a agricultura surgiu de uma situação de abundância. A humanidade experimentou com o cultivo de cereais e utilizou o grão como complemento alimentício. A intenção inicial não era fazer pão com o grão, mas fabricar cerveja mediante sua fermentação"
Aaah, agora sim faz sentido.

fotos do flickr da querida clementina

Tenho a ligeira impressão de que esse post cairá no gosto de muitos amigos — a rodo, não, diria a litro!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Planeta Terra traz Offspring? [editado]

Saiu a line-up do Planeta Terra no blog da Ilustrada. Bloc Party vem como carro chefe, provavelmente com a turnê do novo álbum. Vale lembrar que eles também vão tocar no VMB — é uma premiação de um canal de televisão!

Bloc Party também na emetevê.

Se comparado com o Tim, parece que os festivais brasileiros estão buscando um equilíbrio entre o mainstream e o underground (aquele que era alternativo e hoje tem gente que gosta de chamar de indie). Enquanto o Planeta Terra também vai contar com (ex-)hypada Mallu Magalhães e os tarimbados Jesus and the Mary Chain, o Tim Festival tem na lista Kanye West e The National.

Dexter Holland e a nova fase cabelo esvoaçante.

Surpresa mesmo apenas a história do Offspring. Esses, sim, se vierem serão uma surpresa — e boto fé que vai ser uma surpresa boa. No site oficial dos caras existe um hiato entre o fim de outubro e o fim de novembro. O festival do Terra acontece dia 8 de novembro.

* Alexandre Matias levantou a bola: boatos do Queens of the Stone Age e do Broken Social Scene. Só falta vir o Rage Against the Machine!
Aí é pedir demais, e demais já é a esmola...A propósito, Tim o quê?!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Piadas de mau gosto

Seria o envio de tropas russas para o Caribe uma promoção inusitada do filme Watchmen? O (ainda) governo de Putin fará uma manobra militar junto da Venezuela na futura piscina do Barack (ou do McCain).
Ha! Pra quem não sabe, a graphic novel se passa na Guerra Fria. Vale a pena ler. Mas se você não descolar os quadrinho, dá uma olhada no que saiu de lá e vai ipsis literis para o filme.



E se for pro mundo acabar com uma Guerra Fria Reloaded, que seja antes da estréia desse filme do Dragon Ball. O Picollo parece o Pinhead.

2o dia do MediaOn

Participei hoje do segundo dia do MediaOn, evento realizado pelo Portal Terra e o Itaú Cultural. O última dia teve três painéis e alguns pontos altos. De qualquer maneira, o evento já é de grande importância só pelo tema tratado, como disse no post anterior.

2o Painel - "O novo jornalista e a cobertura eleitoral – utilização das inovações e ferramentas multimídia"

Primeiramente, vou falar do 2o Painel, que ocorreu ontem e sem dúvida foi um dos melhores que assisti. Para discutir a respeito do perfil do jornalista online foi chamado, além de profissionais de mídia — Edward Pimenta da Abril e Andrea Fornes do MSN —, um acadêmico, Fabio Malini. Pimenta e Fornes fizeram apresentações mais institucionais, mas não por isso desinteressantes. Malini, por sua vez, foi um dos poucos, senão o único a estabelecer um mínimo contato entre a Universidade e o Mercado. Provando que entende de comunicação na teoria e na prática, Malini dissecou em poucos minutos o que é o jornalista online e o que se espera dele sem esquecer, obviamente, do próprio jornalismo web. Ficou claro que o jornalista digital é aquele que sabe exercer todas as atividades do processo jornalístico, o que, acredito eu, torna o trabalho menos industrial, menos segmentado — e mais difícil. A maior causa desse jornalista multi-task é a não-linearidade da web: uma notícia deve contar com hiperlinks, podcasts, vídeos e infográficos. E todo esse conteúdo é informação que parte da mão de um jornalista. Malini ainda citou alguns elementos básicos presentes nos jornalistas online: interação com o público, cross-media, blogging, conhecimento mínimo de tecnologia, etc.

Passada a quarta, vamos a quinta. A manhã começou com o 5o Painel, que se propunha a comentar as estratégias de blog na obtenção de audiência e transmissão de informação. Giles Wilson, editor de blogs da BBC, apresentou o case de sucesso que comanda. Com milhões de visitas diárias, os blogs da BBC não são bem blogs, segundo Wilson. A plataforma usada não separa mais um site de notícias de um blog. Maior exemplo disso é o Clarin, jornal argentino. Wilson disse que os blogueiros da BBC seguem o padrão da corporação, buscando uma objetividade e clareza nos textos. Esse, aliás, é um dos fatores do sucesso dos blogs da BBC — e alavanca de qualquer blog que se preste a tal serviço: informar. Blogs como o da BBC preocupam-se, também, com os comentários. Talvez o maior trunfo do jornalismo online, em que os cruzamentes de opiniões tornan-se mais plausíveis.

António Granado, professor da Universidade Nova de Lisboa

Posteriormente, ocorreu o 6o Painel, no qual se discutiu a relação entre as mídias sociais e o jornalismo. Ta aí um assunto que dá pano pra manga. Afinal, a rede que usamos hoje (a web 2.0) se pauta basicamente em participação do usuário (= jornalismo online e redes sociais). Fazendo valer o mote, António Granado apresentou propostas simples e eficazes para o uso das redes sociais pelo jornalismo na internet. Para ele, as redes sociais são um elemento que devem ser entendidos e integrados pelo jornalismo. Existem ótimas ferramentas web prontas para serem usadas, só falta coragem e menos conservadorismo. É uma atitude já tomada em jornais como o NYTimes ou o Washington Post, mas que não ocorre por aqui. Faz parte do tom de rivalidade assumido entre as corporações de mídias brasucas, levantada no Painel 1. Em vez de, por exemplo, linkarem vídeos do youtube ou fotos do flickr, veículos grandes preferem criticar as novas mídias e reinventar a roda.

Caíque Severo, segundo debatedor e diretor de conteúdo do iG, apresentou o MinhaNotícia. Um projeto que, apesar de ter mais de um ano de existência, ainda é beta. A proposta é a publicação de notícias por qualquer pessoa. No caso, elas passam por uma equipe de moderadores. Severo afirmou que na versão que vem por aí do MinhaNotícia o processo de escolha e rankeamento de notícias será mais natural, controlado por uma comunidade. É uma outra estratégia, diferente daquela do iReport — mais escancarada apesar da linha editorial. Falando em linha editorial, Severo nem mencinou o embate TSE x iG.

Existem mais 100 Mallu Magalhães, todas fazem boa música?

O último Painel tinha como título o "Diálogo produção-jornalismo cultural". Dos 3 debatedores, o melhor mesmo veio do mediador, o jornalista Maurício Stycer. O correspondente do iG disse uma frase muito boa, para ele o "jornalista cultural tem uma infinita gama de opções [na internet], mas a questão central é ainda se a 'Mallu Magalhães' é boa ou ruim", relembrando o fênomeno do myspace. O trabalho do jornalista cultural, então, fica até mais difícil com os inúmeros profiles no myspace. É preciso uma bagagem cultural pra definir, creio eu, não o que é bom ou o que é ruim — isso não cabe ao jornalista —, mas sim o que vale a pena ser visto, ouvido, enfim, pensado. Sendo assim, o blog é um ponto de partida para o jornalista. E tomara que a cadeira não seja o seu ponto de estada. A propósito, ninguém em nenhum painel levantou esse ponto, contudo, é imprescindível ressaltar que o trabalho do jornalista ainda é um trabalho de campo: físico e, há um bom tempo, virtual.

fotos do blog do MediaOn e do Tiago Dória que, aliás, cobriu o evento pelo seu blog.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Rabeira Muderna

Pegar rabeira nunca foi tão conceitual. O esquema é esse: super desentupidores de pia que se grudam no carro e você pega a carona.

No site do designer, Robert Nightgale, rola até umas dicas.
For best results position yourself at traffic lights, railway stations or air hangers. Subtly wait for the opportune moment (which is precisely 7 seconds before the initial point of acceleration) and attach the product as firmly as possible to the host vehicle (a brief run up usually does the trick), paying attention to ground clearance for ones feet and enjoy the ride…

Transporte de guerrilha? Curti, mas um skate deixaria a aventura mais interessante!

Media on - Seminário Internacional sobre Jornalismo Online

Estive hoje no mediaon, a 2a edição de uma série de painéis sobre jornalismo online. Realizado no Itaú Cultural, o evento é basicamente composto por painéis de discussão e seminários (e algumas oficinas inexistentes), reunindo principalmente gente com relevância nas corporações midiáticas.
A parte o atraso e a falta de informações básicas (confirmação, oficinas, etc.) o que vi hoje foi uma reunião que põe em pauta um tema alardeado por todos, mas que poucos querem por a mão. De um lado, a academia, pra qual jornalismo online o assunto ainda é um pântano: nebuloso, lamacento e cheio de armadilhas. Do outro, o mercado, que busca um jornalista online com crise de identidade: não sabe o que faz, quanto faz, ou mesmo se é só online.

Tas e Rosemblun na abertura do envento

O primeiro painel contou com o mediador Alon Feuerwerker (editor de política do Correio Braziliense e blogueiro), e os debatedores Bob Fernandes (editor do Terra Magazine) e Ricardo Feltrin (colunista da Folha e editor-chefe da Folha Online). Juntando a fome com a vontade de comer, o assunto eleições brasileiras e web não poderia vir em melhor hora, vide a última decisão do TSE que restringe o conteúdo sobre eleições na internet.

O debate, que frequentemente descambava pra política e legislação, explicitou uma opinião bem sensata: a internet é um espaço democrático e a nova lei do TSE vai de encontro a isso.

Eleições digitais?

Bob Fernandes lembrou que alguns senhores, como o Sarney no MA, Collor em AL e, por que não, Aécio Neves em MG detêm direitos sobre radiodifusoras — mesmo que escusos. É um nem tão novo coronelismo, não menos nocivo do que os de antigamente. Um "coronelismo medial" que Ninguém cutuca (com N maiúsculo, são cargos do alto escalão). Não posso deixar de mencionar que a internet não é uma concessão: ela esta aí pra quem pode e quer falar, ler, gritar. A medida do TSE é proibitiva e trata a rede como um teco do espectro radiodifusor. Um teco de algumas milhões de toneladas informacionais, impossíveis de serem controladas. Ainda bem, pois, como falou Bob, "no fim das contas a lei será descumprida". Legislação, aliás, é o que falta para a internet — e não uma censura velada baseada num código inaplicável, até então, ao ciberespaço.

Nessa esteira de ficção (essa lei bem que podia ser do 1984), Ricardo Feltrin disse que "nunca se sentiu tão cerceado". Feltrin ressaltou a pressão que se faz sobre o jornalismo político: ora é o Estado, ora os Partidos, ora o próprio usuário — comentadores mandados, pagos, trolls, típicos da rede. Digo que é bem verdade que o jornalismo está mais pra um pitbull rosnando pra tudo quanto é político. Contudo, quando essas pressões ameaçam empurrar para baixo o lucro das empresas de mídia, jornalista vira poodle e a corporação ainda põe coleira pro senador ou o que for acariciar. Feltrin disse bem ao afirmar que "essas forças [as pressões] precisam mudar, senão muda o jornalismo". Completo dizendo que também precisa mudar a postura das empresas e conglomerados de mídia — mas isso é mais difícil que político falando a verdade.

Depois mais comentários sobre os outros painéis e sobre o segundo dia do evento.

sábado, 9 de agosto de 2008

Pergunta:

nos jogos olímpicos de Pequim eles usam material esportivo made in china?

Enquanto você pensa, não deixe de ver as imagens da Anistia Internacional para as Olimpíadas. Ao que parece, elas vazaram na rede.




sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Democracia e a mesmice dos novos tempos da política


Eleições chegando, trazendo consigo o desgostoso e embolorado engodo do poder está nas suas mãos. Não passa da ludibriação da democracia, amalgamada aqui numa lavagem suína (e pré-cerebral) para que seja concebida como sinônimo de voto. Votar é legal — e, para a maioria, obrigatório, mas isso é detalhe.

Vote, adolescente de 16 a 18 anos sem oportunidades de boa educação, que dirá de bons empregos; vote, senhor velhinho que faz da sua aposentadoria tripas coração para comprar remédios e manter o coração e as tripas; vote, você aí dessa cidade afastada, essa sem luz, água, saneamento e uma câmara pra lá de requintada e confortável; e vote você também, que, numa condução lotada, se locomove todos os dias da periferia para o centro e vice-versa, afinal, no dia da votação você vota aí pertinho de casa, numa escola (ou aquilo que se propõe a sê-la).

Pelo menos dá pra achar graça, caso você seja brasileiro. Se você levar na esportiva, até consegue dar uma risada aqui, um comentário feliz acolá, mas nada de mais. Se você levar a sério, sim, você racha o bico. É quando você diz "tem que rir pra não chorar!", tamanha a graça da desgraça em que estamos envoltos. Aliás, o anedotário da propaganda política, assaz hype e antenado, vem acopanhando a rede e vem se mostrando tão criativo quanto no meio televiso.

Porque na internet, você tem interatividade.

Na web você conhece seu candidato até na mais íntima roupa suja!

E na world wide web você também descobre que é tudo muito rápido, tudo muito veloz.

Sem esquecer de como a política está por todos os lados.



Além de tudo, é versátil:



Pois se a política, para esse senhores e senhoras, pode ser tudo isso (e mai$ um pouco), porque a democracia se restringiria ao voto? Democracia vai além de muita campanha e 5 dígitos. Democracia é a voz uníssona e constante de pessoas que gritam para terem as suas necessidades atendidas e respeitadas; nem sempre são as melhores precisões, mas é assim que se caminha para esse tal melhor. Que interessa? A essa orquestra não estamos acostumados. O que toca em loop por aqui é a Ode a Charlamentarismo.

Por causa desse post eu até lembrei dum grifo meu num livro. É de um antigo jornalista francês, Prosper-Olivier Lissagray, sobre a Comuna de Paris — provavelmente o único movimento revolucionário que deu, realmente, poder ao povo:

Em 1848 disseram ao povo: "O sufrágio universal torna toda insurreição criminosa; o voto substitui o fuzil." E, quando o povo vota contra os seus privilégios, eles se encolerizam; todo governo é faccioso se levar em conta a vontade popular. O que resta ao povo, se não o argumento peremptório, a força? Ele por fim a tem.

*foto do flickr do Jaume d'Urgell.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ajudar o peixe...

Vá, nem é uma das melhores músicas do Billy Idol. Ou melhor dizendo, nem é um dos melhores hits do pai do Supla — pobre (ou não) coitado que só se fez de hits após o Generation X. O que pegava nessa música era o refrão: ajudar o peixe... Tinha gente que até apelava e emendava aí o backin' vocal: feche os olhos e vááá.



Nesse caso é uma transliteração do som muito bem sucedida. Afinal, duvido que você escute outra coisa que não seja a súplica ao peixe; caso contrário você sabe a letra — e não vai ser eu quem vai escrever ela aqui!

O cômico é que criaram um site pra isso. Kissthisguy.com só reúne essas confusões entre o que foi ouvido e o que foi escrito. Às vezes a diferença nem é tanta — principalmente em se tratando de profundidade poética —, mas o engano não deixa de ser engraçado.

A começar pela f*dida Purple Rain, cujo verso (Excuse me, while I kiss the sky) dá nome ao site. Ali tem mais um monte.
O Rock the Casbah do Clash virou Lock the Taskbar. O wannabes (de Pretty Fly for a White Guy) do Offspring virou one-eyed peas. Enquanto isso, o drama do REM, It's me in the corner/It's me in the spotlight, dá lugar à chanchada Let's pee in the corner, let's pee in the spotlight.

A língua do Tio Sam — e a nossa também — é cheia dessas malandragens (mode boça). De vez em quando dá nisso e noutros:



Último vídeo do anderssaruo.com


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Now playing: Stan Getz, João Gilberto, Astrud Gilberto - O Pato
via FoxyTunes

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A humanidade de um homem só

*Resenha do filme O Pagador de Promessas (Ficha Técnica na Wikipédia)*

O Pagador de Promessas é um clássico que merece ser tratado como tal

A Palma de Ouro conquistada por O Pagador de Promessas, em 1962, não foi um prêmio apenas pro cinema nacional. Foi uma vitória pra toda produção cultural do país, em especial a literatura. Pois, em se tratando dela, O Pagador de Promessas remete a grandes nomes. O início do filme já lembra a aridez de Graciliano Ramos: o trajeto no qual um homem carrega uma cruz é alçado a epopéia devido à trilha sonora magnânima e às tomadas incomuns para a época.

O tempo, aliás, é um dos fatores que dá o tom do conflito no filme. Acompanhado unicamente por sua esposa, Zé-do-Burro carrega uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara, a fim de pagar uma promessa. Os dois se vêem numa Salvador com automóveis, jornais, pessoas de todos os tipos e interesses — algo que vai além da vida no sertão trespassada na atuação da dupla Leonardo Villar (Zé-do-Burro) e Rosa (Glória Menezes). A Salvador de O Pagador de Promessas pode ser moderna, mas, até certo ponto, conserva seu ar colonial. Foi lá onde viveu e escreveu o Boca do Inferno. É lá onde ainda há espaço para o escárnio e a sátira. Todo um cenário de Gregório de Mattos é retratado: os aproveitadores e malandros que surgem em cada degrau da escadaria da Igreja; as autoridades, que são vistas simultaneamente com maus olhos e temeridade (aí também um quê de Graciliano Ramos); o sincretismo religioso, que pulula em cada seqüência — para Zé-do-Burro, Iansã é Santa Bárbara.

A película, originalmente uma peça, parece ter sido muito bem adaptada até metade de sua projeção. Após, isso, contudo, a linguagem cinematográfica por vezes é prejudicada em detrimento às características da peça. Os personagens surgem e reaparecem sem continuidade, a trama torna-se muito dedutiva. Felizmente, a ótica do cinema prevalece nos planos. O diretor, Anselmo Duarte, aproveita bem o cenário sem torna-lo constante. Cada cena tem uma apreensão diferente, seja no movimento da câmera ou em takes estáticos.

Em uma dessas cenas, Zé-do-Burro sobe a escadaria junto do padre, dialogando longamente sobre a promessa. O padre, como outros personagens do filme, quase não é nomeado. É um artifício antigo, mas eficiente a fim de transpor o regional a um âmbito global. Os tipos soteropolitanos tem resquícios da humanidade, assim como se faz na literatura de cordel, vertente tipicamente nordestina. Aproveitar esse aspecto foi uma idéia de Dias Gomes, mas muito bem aproveitada aqui, o que não ocorre sempre. É o caso do filme Alto da Compadecida, peça escrita por Ariano Suassuna. Nela, a figura do nordestino João-Grilo, quando retratada na película, cai no estereótipo.



O esterótipo e o paradigma são características que também aparecem em O Pagador de Promessas. Não se pode acusar o filme, contudo, de cair no comum. A cena final é quase super-realismo. Ali a projeção se amarra a Guimarães Rosa, mas, principalmente, ao livro mais antigo do mundo: a Bíblia. Porém, possuir resquícios de outras obras não é o maior mérito de O Pagador de Promessas — nem tão pouco ter ganhado mais três prêmios internacionais. O grande trunfo de O Pagador de Promessas é contar a história do homem brasileiro sem deixar de ser um homem do mundo, daqueles que se vê em qualquer lugar: entre a cruz e a espada.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Informação: o excesso e como mantê-la, na Wired

Dois bons artigos da Wired.

Um sobre o cérebro e seus mitos. Vale a pena ler as dicas sobre como mantê-lo "em dia": inclui ouvir música, fazer cruzadinhas e comer peixe.

A outra é sobre como a web 2.0 deixou de ser a panacéia para os problemas online e passou a ser a maior parte desses problemas: excesso de informação.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Feriado serve pra essas coisas

Nem só de viagem pro litoral ou shopping se faz o feriado do paulistano. Faz-se também de alegria por não ter de pegar trânsito, como deu pra sentir na vazia Av. Brasil, sentido Ibirapuera, nesta segunda.

Quando Vidas se Tornam Formas: Diálogo com o Futuro - Brasil/Japão


A minha primeira impressão foi a de que faltava propósito a tudo aquilo. É claro que estamos no ano do centenário da imigração japonesa e bla bla etc e tal. O que seriam, então, aqueles amontoados de plantas na primeira sala? Arte contemporânea? Vá lá... Isso só não pode ser desculpa pra achar relações onde nem existem.

Felizmente, ao fim da exposição a falta de propósito até foi suprida, mas ainda assim de maneira difusa, vaga.


Como pude ler em off (não, isso não existe), a exposição tenta mostrar as interfaces entre a arte moderna, pós-moderna e/ou contemperânea aqui do Brasil e do outro lado do mundo. Isso por vezes é até alcançado: a arte d'osgêmeos (onipresentes) lembra a toy art; o look da Isabela Capeto tem reminescências em Tóquio — até porque as "reminescências de Tóquio são a moda global.

O problema talvez tenha sido a disposição das obras e instalações — que jargão mais eng. civil. O caminho era confuso e por vezes não levava o espectador a imaginar os estreitamentos existentes entre o que se faz lá e o que se faz cá. Isso, de maneira alguma, joga a exposição no lixo. Algumas instalações são bem interessantes, como aquela que diz que "Pode causar vertigem", ou a colagem (se não for colagem, me perdoem) da Beatriz Milhazes.

Assim, fica a dica (não imperativa): vá. Comece pela sala 2 e passe pela sala 1.

* Mais fotos no flickr que agora há pouco resolveu não abrir.

Rave do eu sozinho e um pouco mais

Foto no flickr da lucy.aboytes

Aconteceu a
primeira rave sem música em Nova York. O evento, que já se realizou na Europa, ocorreu na Union Square. Uma multidão de jovens dançando com cada um escutando à playlist do seu iPod.

Não vá pensando que é só chegar e dançar. O negócio tem uma série de regrinhas para deixar a "vibe" mais coletiva possível. Pra muitos é algo retardado. Eu vejo mais como uma metáfora que todos os participantes compram. Com tudo cada vez mais individual a necessidade pelo outro recrudesce. Haja vista, por exemplo, o
coworking. Todo mundo quer se sentir mais social nesse mundo de metaverso.

* Pauta 2

E a Virada Cultural chegando, hein. presença confirmada no Mundo Livre SA, no Sick Sick Sinners, no Orquestra Imperial e no Ultraje a Rigor. Vai ter muito pano pra manga. E quem sabe algumas surpresas (boas, espero!)

* Pauta 3

O
Lúcio Ribeiro e seus rumores. Diz ele que podem aterrisar por aqui Joss Stone, Megadeth, Guns, Red Hot, Madonna — e isso é só o primeiro parágrafo.

Pelo sim — Overcoming Folk Trio na Virada vai tocar — e pelo não — Rage Against the Machine, como ele disse há um tempo — é bom economizar uma grana.

domingo, 20 de abril de 2008

Voltei, nem tão cedo, mas voltei!

Finalmente os brasilienses do Móveis vieram pra sampa e pisaram em solo Uspiano, cumprindo rumores de algum tempo atrás.

Movéis Coloniais de Acaju no Festival Alternativo da POLI - USP, dia 19 de abril.



Como diz o subtítulo, foi um festival. Das bandas que passaram, porém, eu estive presente no Motocontínuo, no duo freak Montage e a miscelânea do Móveis. Queria ter visto o Hurtmold e dedicarei mais espaço aqui para o Móveis Coloniais de Acaju.

No Motocontínuo eu só estive presente em corpo. O suficiente pra ouvir pouco da banda e alguns rumores não muito favoráveis ao som dos caras.

O Montage chamou a atenção e cumpriu a proposta. A sonzera eletrônica da dupla espantava quem não estivesse acostumado, mas não deixava de fazer as pernas se mexerem — e o movimento contido das pernas se multiplicava por mil pra galera "na vibe" da frente do palco.



Fico feliz por ter visto que o Cansei de Ser Sexy tem rendido algo aqui no Brasil também. Como disse o Lúcio Ribeiro, dá pra fazer um som no Brasil sem ter nada brasileiro impregnado. E isso não é no sentido pejorativo, não na leitura do impregnado. Talvez seja pejorativo pensar que a tal da globalização dos anos 90 não vai sumir mais — nesse caso cada um pensa como quer. No
last.fm, contudo, pediram Montage na Inglaterra. É o hype? E eu to com "I trust my (fuckin) dealer" na cabeça...

E vamos ao Móveis! O show mais esperado, sem dúvida. A espera tinha sido longa até então. As filas da cerveja faziam brotar pessoas e metros, a rotatividade do público já era alta e a demora começava a encher o saco. Os brasiliense, enfim, subiram ao palco.
Abriram com uns lados-B da banda (como assim? lado-B duma banda que nem tem Coletânea/Perfil! É o hype (?) ), mas não deixaram de empolgar lodo de início.


Os metais como a flauta e o sax foram comprometidos pela estrutura, não tinha jeito. Os caras são uma big band tocando num palco razoavelmente pequeno. O engenheiro de som fez milagre pro teclado aparecer junto dos trompetes, com um pouco de ajuda da acústica do local. Felizmente o resultado foi bom.

Onde estive pulularam bates-cabeça com tentativas mais afoitas de moshpit, nada que não fosse abortado. Quando tocaram Seria o Rolex a galera pulou como nem parecia na melancolia da letra — e da melodia, em parte: ninguém mais acha que lembra Unchain My Heart do Ray Charles? Falando em Ray, eles mandaram junto da galera um Hit the Road Jack, suave e bem levado.

Algumas músicas novas prometem. Não me recordo dos nomes, nem muito das músicas. O que tenho certeza é que elas continuam bem desenhadas, com a conversa sutil do sax-trompete e baixo-teclado, ao estilo Móveis Coloniais que vem se formando. Não esqueci também da solada do batera. Simples e entremeada pela pegada ska.
Os pontos altos foram deixados pro fim. O riff de Copacabana fez a galera cantar em uníssono. Apesar do som meio "sobreposto", a execução foi bem legal. Os instrumentistas desceram do palco e fizeram aquela coreografia com a galera. Impagável. Só quem esteve lá mesmo.

Móveis Coloniais de Acaju representaram a cena alternativa. Ou melhor, a cena da música como alternativa pra tanta coisa ruim que tem se ouvido. Pois é, alternativo é aquilo que se chamou underground por um tempo, agora se chama indie e depois sabe lá deus (ou alguma gravadora) o que vai ser.

sábado, 19 de abril de 2008

Primeiro, o Arnaldo.

Alguns bons shows a serem comentados e pouco tempo. O problema é achar que o tempo é pouco, mas isso é problema da sociedade contemporânea.
Enfim, o começo:

Analdo Antunes no Beco do Aprendiz, domingo passado (13 de abril).


O show era de graça (promovido pela
Eletrocooperativa) e aconteceu no Beco do Aprendiz, na Vila Madalena Madaloca Madá e variantes... O cenário felizmente foi propício para Arnaldo criar e recrear.

O músico caminhou bem a performance, sem chamegos ou aversões à platéia. També, pudera: ali todo mundo se conhece: o público, Arnaldo; Arnaldo, o público. Por mais que a frase ainda seja dita ("ele pode fazer qualquer coisa, cara, é o Arnaldo" o poeta-músico-cantor-artista se comunica e transforma cada um que vê o show.

Ele sabe até onde vai com suas poesias enquanto são feitos alguns ajustes. Sabe fazer o charminho pro pessoal pedir bis. Sabe mandar uma dancinha que muito me lembrou o Chico caranguejo de andada Science. Sabe satisfazer os pedidos da platéia (Lavar as Mãos, com trecho logo abaixo)

Arnaldo fez juz à sua persona camaleona ao tornar a apresentação tão aconchegante quanto o local — que por vezes não ajudava o timbre grave de sua voz. Seus músicos merecem atenção, (é claro) em especial o tecladista que "arranhou" na sanfona uma apresentação à parte, uma que agradaria o Rei do Baião ou um tiozinho do Leste Europeu.




*Detalhe que deve ser mencionado: os dois garotos nas grades no show. Os moleques tavam curtindo mais que ninguém, arriscando uns gritos e levando todas as músicas.
Nem tudo é Malu Magalhães — pedras sobre minha cabeça.

*A foto e o vídeo são do celular, dá um desconto!

* O show do Móveis Coloniais de Acaju fica pra mais cedo, quando eu acordar.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Mais que na hora de começar a postar!
Tá dito.