quinta-feira, 11 de setembro de 2008

2o dia do MediaOn

Participei hoje do segundo dia do MediaOn, evento realizado pelo Portal Terra e o Itaú Cultural. O última dia teve três painéis e alguns pontos altos. De qualquer maneira, o evento já é de grande importância só pelo tema tratado, como disse no post anterior.

2o Painel - "O novo jornalista e a cobertura eleitoral – utilização das inovações e ferramentas multimídia"

Primeiramente, vou falar do 2o Painel, que ocorreu ontem e sem dúvida foi um dos melhores que assisti. Para discutir a respeito do perfil do jornalista online foi chamado, além de profissionais de mídia — Edward Pimenta da Abril e Andrea Fornes do MSN —, um acadêmico, Fabio Malini. Pimenta e Fornes fizeram apresentações mais institucionais, mas não por isso desinteressantes. Malini, por sua vez, foi um dos poucos, senão o único a estabelecer um mínimo contato entre a Universidade e o Mercado. Provando que entende de comunicação na teoria e na prática, Malini dissecou em poucos minutos o que é o jornalista online e o que se espera dele sem esquecer, obviamente, do próprio jornalismo web. Ficou claro que o jornalista digital é aquele que sabe exercer todas as atividades do processo jornalístico, o que, acredito eu, torna o trabalho menos industrial, menos segmentado — e mais difícil. A maior causa desse jornalista multi-task é a não-linearidade da web: uma notícia deve contar com hiperlinks, podcasts, vídeos e infográficos. E todo esse conteúdo é informação que parte da mão de um jornalista. Malini ainda citou alguns elementos básicos presentes nos jornalistas online: interação com o público, cross-media, blogging, conhecimento mínimo de tecnologia, etc.

Passada a quarta, vamos a quinta. A manhã começou com o 5o Painel, que se propunha a comentar as estratégias de blog na obtenção de audiência e transmissão de informação. Giles Wilson, editor de blogs da BBC, apresentou o case de sucesso que comanda. Com milhões de visitas diárias, os blogs da BBC não são bem blogs, segundo Wilson. A plataforma usada não separa mais um site de notícias de um blog. Maior exemplo disso é o Clarin, jornal argentino. Wilson disse que os blogueiros da BBC seguem o padrão da corporação, buscando uma objetividade e clareza nos textos. Esse, aliás, é um dos fatores do sucesso dos blogs da BBC — e alavanca de qualquer blog que se preste a tal serviço: informar. Blogs como o da BBC preocupam-se, também, com os comentários. Talvez o maior trunfo do jornalismo online, em que os cruzamentes de opiniões tornan-se mais plausíveis.

António Granado, professor da Universidade Nova de Lisboa

Posteriormente, ocorreu o 6o Painel, no qual se discutiu a relação entre as mídias sociais e o jornalismo. Ta aí um assunto que dá pano pra manga. Afinal, a rede que usamos hoje (a web 2.0) se pauta basicamente em participação do usuário (= jornalismo online e redes sociais). Fazendo valer o mote, António Granado apresentou propostas simples e eficazes para o uso das redes sociais pelo jornalismo na internet. Para ele, as redes sociais são um elemento que devem ser entendidos e integrados pelo jornalismo. Existem ótimas ferramentas web prontas para serem usadas, só falta coragem e menos conservadorismo. É uma atitude já tomada em jornais como o NYTimes ou o Washington Post, mas que não ocorre por aqui. Faz parte do tom de rivalidade assumido entre as corporações de mídias brasucas, levantada no Painel 1. Em vez de, por exemplo, linkarem vídeos do youtube ou fotos do flickr, veículos grandes preferem criticar as novas mídias e reinventar a roda.

Caíque Severo, segundo debatedor e diretor de conteúdo do iG, apresentou o MinhaNotícia. Um projeto que, apesar de ter mais de um ano de existência, ainda é beta. A proposta é a publicação de notícias por qualquer pessoa. No caso, elas passam por uma equipe de moderadores. Severo afirmou que na versão que vem por aí do MinhaNotícia o processo de escolha e rankeamento de notícias será mais natural, controlado por uma comunidade. É uma outra estratégia, diferente daquela do iReport — mais escancarada apesar da linha editorial. Falando em linha editorial, Severo nem mencinou o embate TSE x iG.

Existem mais 100 Mallu Magalhães, todas fazem boa música?

O último Painel tinha como título o "Diálogo produção-jornalismo cultural". Dos 3 debatedores, o melhor mesmo veio do mediador, o jornalista Maurício Stycer. O correspondente do iG disse uma frase muito boa, para ele o "jornalista cultural tem uma infinita gama de opções [na internet], mas a questão central é ainda se a 'Mallu Magalhães' é boa ou ruim", relembrando o fênomeno do myspace. O trabalho do jornalista cultural, então, fica até mais difícil com os inúmeros profiles no myspace. É preciso uma bagagem cultural pra definir, creio eu, não o que é bom ou o que é ruim — isso não cabe ao jornalista —, mas sim o que vale a pena ser visto, ouvido, enfim, pensado. Sendo assim, o blog é um ponto de partida para o jornalista. E tomara que a cadeira não seja o seu ponto de estada. A propósito, ninguém em nenhum painel levantou esse ponto, contudo, é imprescindível ressaltar que o trabalho do jornalista ainda é um trabalho de campo: físico e, há um bom tempo, virtual.

fotos do blog do MediaOn e do Tiago Dória que, aliás, cobriu o evento pelo seu blog.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda irei ao MediaOn acompanhada de Vossa Senhoria!E como companheiros de faculdade!=)
Amei muito esse post!Por isso vim comentar nele, tá?
Parábens pelos comentários e o texto no geral!Muito bom!
Esse é o meu garoto!Merece um prêmio...tó..um ossinho!huahauaha

Brincadeira, Log!=****
Beijos