quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Media on - Seminário Internacional sobre Jornalismo Online

Estive hoje no mediaon, a 2a edição de uma série de painéis sobre jornalismo online. Realizado no Itaú Cultural, o evento é basicamente composto por painéis de discussão e seminários (e algumas oficinas inexistentes), reunindo principalmente gente com relevância nas corporações midiáticas.
A parte o atraso e a falta de informações básicas (confirmação, oficinas, etc.) o que vi hoje foi uma reunião que põe em pauta um tema alardeado por todos, mas que poucos querem por a mão. De um lado, a academia, pra qual jornalismo online o assunto ainda é um pântano: nebuloso, lamacento e cheio de armadilhas. Do outro, o mercado, que busca um jornalista online com crise de identidade: não sabe o que faz, quanto faz, ou mesmo se é só online.

Tas e Rosemblun na abertura do envento

O primeiro painel contou com o mediador Alon Feuerwerker (editor de política do Correio Braziliense e blogueiro), e os debatedores Bob Fernandes (editor do Terra Magazine) e Ricardo Feltrin (colunista da Folha e editor-chefe da Folha Online). Juntando a fome com a vontade de comer, o assunto eleições brasileiras e web não poderia vir em melhor hora, vide a última decisão do TSE que restringe o conteúdo sobre eleições na internet.

O debate, que frequentemente descambava pra política e legislação, explicitou uma opinião bem sensata: a internet é um espaço democrático e a nova lei do TSE vai de encontro a isso.

Eleições digitais?

Bob Fernandes lembrou que alguns senhores, como o Sarney no MA, Collor em AL e, por que não, Aécio Neves em MG detêm direitos sobre radiodifusoras — mesmo que escusos. É um nem tão novo coronelismo, não menos nocivo do que os de antigamente. Um "coronelismo medial" que Ninguém cutuca (com N maiúsculo, são cargos do alto escalão). Não posso deixar de mencionar que a internet não é uma concessão: ela esta aí pra quem pode e quer falar, ler, gritar. A medida do TSE é proibitiva e trata a rede como um teco do espectro radiodifusor. Um teco de algumas milhões de toneladas informacionais, impossíveis de serem controladas. Ainda bem, pois, como falou Bob, "no fim das contas a lei será descumprida". Legislação, aliás, é o que falta para a internet — e não uma censura velada baseada num código inaplicável, até então, ao ciberespaço.

Nessa esteira de ficção (essa lei bem que podia ser do 1984), Ricardo Feltrin disse que "nunca se sentiu tão cerceado". Feltrin ressaltou a pressão que se faz sobre o jornalismo político: ora é o Estado, ora os Partidos, ora o próprio usuário — comentadores mandados, pagos, trolls, típicos da rede. Digo que é bem verdade que o jornalismo está mais pra um pitbull rosnando pra tudo quanto é político. Contudo, quando essas pressões ameaçam empurrar para baixo o lucro das empresas de mídia, jornalista vira poodle e a corporação ainda põe coleira pro senador ou o que for acariciar. Feltrin disse bem ao afirmar que "essas forças [as pressões] precisam mudar, senão muda o jornalismo". Completo dizendo que também precisa mudar a postura das empresas e conglomerados de mídia — mas isso é mais difícil que político falando a verdade.

Depois mais comentários sobre os outros painéis e sobre o segundo dia do evento.

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